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Consumismo.



Desejamos quase tudo, que não temos ou pensamos que não temos, desejamos desde muito cedo a boneca que fala ou o carrinho de bombeiros e mil outros brinquedos que vão preenchendo a caixa onde são guardados... E esquecidos. Trocados por uma nova maravilha da indústria de diversão infantil em um abrir e fechar de olhos.


Crescemos e conosco nossas cobiças. Sonhamos com uma bela festa de quinze anos, dançando a valsa com uma pessoa famosa, muito bem paga para aquele momento, enquanto nossos pais, que pagaram tudo nos olham fascinados. E sobram filmes e fotos para toda a vida. Ou quem sabe nessa data uma grande viagem com os amigos e mais fotos e filmes. Aspiramos pelo carro zero após vencermos o vestibular. Sonhamos sermos os melhores, os mais belos, os mais cobiçados, os mais divertidos, os mais requisitados pelos amigos. E para isso preenchemos nossos guarda roupas com as mais belas peças da moda, todas de grifes, sapatos caros trocados ao rumo do que manda a mídia. Somos àquele que não fica de fora de nada que esteja sendo lançado e bem aceito. E amontoamos vestuário e calçados que são doados tempos depois quando já empoeirados e fora de moda. Tentamos estar por dentro de tudo que é no instante interessante, o filme muito comentado procuramos ver no dia do lançamento, o show badalado que nos custa bons trocados (que poderiam ser usados em algo de real valia), mas vale a pena dizer: eu estava lá! A coleção de livros que nem lemos, mas possuímos...


Partimos para a vida adulta cheios de coisas, contudo ainda não nos apercebemos isso e passamos a colecionar títulos e títulos, saberes e diplomas. Perseguimos desesperados o status de riqueza e bem estar social. Casamos com uma bela pessoa, muito interessante e promissora, podemos ter filhos e viajar sempre nas férias para lugares paradisíacos. Nossa casa tem todo luxo que podemos ter e tudo que podemos comprar.


Essa pode ser a história de alguém bem sucedido ou de alguém que se esforçou para ser bem sucedido nos padrões da nossa sociedade.


Porém, a roda da vida gira e a maior parte do amontoado de coisas, tantos objetos que sufocaram as nossas verdadeiras necessidades tornam-se um espinho na carne, perdem o brilho.


Vivemos para nos dar bem no mundo... Esquecendo o nosso próprio mundo. Resta-nos um vazio no final da caminhada, quando tantas questões não foram respondidas e verdades sobre nós mesmo não foram buscadas.


E todos os montes de coisas que conseguimos em algum momento da vida tornam-se tormentos, pois, apegados a todos eles, tememos perde-los, deixá-los, abandoná-los, pois imaginamos o que seremos sem eles. E pelo consumismo exagerado somos consumidos e nos transformamo-nos em loucos acumuladores. Perdendo o correr da existência, o sopro da felicidade, o convívio com os entes amados a alegria de simplesmente estar vivo.


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