Nosso Cantinho
Atualmente vemos uma grande quantidade de pessoas em busca do autoconhecimento. Querem saber: quem sou eu? Por que faço isso ou aquilo? Dessa ou daquela maneira? O que me move? Como posso ser feliz? Qual minha missão?
Coloca aí mais uns trilhões de perguntinhas difíceis de responder a cada um que as faz. E tenha certeza, amigos (as), que as respostas possivelmente não vão agradar a quase ninguém. Quem indaga… Geeente, nem sempre quer resposta. E quem pergunta e quer resposta… Geeente, nem sempre compreende ou aceita o que lhe é respondido. Seja a resposta dada pelo psiquiatra, psicólogo, psicanalista, terapeuta holístico ou a própria Divindade “em carne e osso”. Isso é, claro, um modo de dizer.
Mas parabéns aos que perguntam. O espinho na carne já está incomodando o bastante para que entes de origem divina, em pleno processo evolutivo, indaguem sobre si.
E vamos nós, os humanoides, em busca do auto-entendimento e da evolução (seja espiritual, mental, emocional, física ou qualquer outra coisa da qual o ego sinta falta). E atenção! Bichinho danado esse tal de ego para sentir que tá faltando alguma coisa. Pode ter sido até o apêndice retirado numa emergência hospitalar.
Contudo, almejar é uma coisa e ir à conquista é outra. Pode-se desejar deitado num colchão confortável, num clima ameno, ouvindo um som agradável, com nossas cabecinhas sobre um maravilhoso travesseiro de penas de ganso (para o ganso não tão maravilhoso assim! É a dualidade do nosso Universo). Enquanto isso, a Roda do Destino roda, a vida passa, o tempo se esvai, enquanto vivemos nossos delírios de autoconhecimento.
Ok! Queremos nos conhecer um pouco mais? Sem tanto trabalho metafisico? Horas de meditação transcendental? Anos no divã? Então olhemos bem para o nosso canto. O lugar que gostamos ou mesmo passamos a maior parte do nosso tempo. O nosso cantinho, nosso pequeno reino.
O que encontramos?
Organização? Limpeza? Livros? Retratos de quem? Revistas temáticas? É um lugar impessoal, frio, onde não se encontra temas emotivos? As janelas estão sempre fechadas como também a porta? Tem flores? O bichinho de estimação da casa pode transitar no nosso território? Existem segredos guardados em gavetas a sete chaves? Qualquer um pode adentrar nesse reino ou somente os escolhidos? Se um estranho adentrasse esse ninho e se esse estranho, por estranho que pareça, fôssemos nós mesmos, como avaliaríamos o proprietário desse cantinho?
Esses senhores feudais dos cantinhos somos nós. Podemos vestir a túnica do estranho no ninho. E como seres distintos e distanciados avaliarmos e reconhecermos os valores e pendores que são representados em cada artefato e na arrumação desses mesmos objetos no nosso canto preferido. Com certeza nos avaliaremos melhor. Veremos o que mais prezamos e o que nos falta, coisas que ocupam espaços sem necessidades e coisas necessárias que não têm “representantes” nesse território. É um passo, um pequeno passo para que distingamos o papel, a mensagem, a lição do nosso cantinho. Quem sabe o reconhecimento do nosso território nos leve a sair do colchão confortável, do clima ameno, do som agradável, retire nossas cabecinhas do maravilhoso travesseiro de penas de ganso…
Então, impelidos pela força do “quero ser o melhor que posso” meteremos os pés ao mundo e recriaremo-nos, podando os espinhos, abrindo janelas e portas, mudando, arrumando nosso cantinho e convidando a vida para nossa vida.
Bênçãos dos Antigos!